Existem três gêneros literários, que são: lírico, narrativo e dramático.
GÊNERO LÍRICO
Em suas origens, a poesia lírica era
cantada ou acompanhada por instrumentos musicais. A própria palavra lírica,
ligada ao nome lira, já denuncia essa relação. Lírica era a poesia que falava
de emoções individuais ou sentimentos íntimos, relacionados normalmente com a
temática amorosa e com o extravasamento da subjetividade.
Com o passar do tempo, os poemas
líricos deixaram de ser cantados e acompanhados por instrumentos musicais. Sua
ligação com a música, no entanto, nunca desapareceu, e é essa justamente a característica
mais marcante da poesia lírica: uma permanente preocupação com a qualidade sonora
das palavras organizada em sucessões rítmicas melodiosas e sugestivas.
Não foi apenas a subtração do
acompanhamento musical que trouxe modificações a lírica. Ela também mudou
tematicamente, sem deixar de ser a forma literária em que o eu-lírico manifesta
sua subjetividade e deixa fluir seu sentimentalismo, a lírica passou a
incorporar temas filosóficos e preocupações de cunho social. Outra
característica da lírica atual é manifestar um cuidado constante com a própria atividade
poética. Desse modo, não devemos entender a lírica como uma poesia
essencialmente sentimental, mas sim como uma poesia reflexiva, uma vez que
também se volta para a realidade cotidiana e para o fazer poético a fim de
procurar compreendê-los. É comum utilizarmos a denominação lírica moderna para
falar dessa poesia da temática ampliada, mas que mantém as características essenciais
da exploração rítmica e conotativa dos signos linguísticos.
GÊNERO NARRATIVO
O gênero narrativo incorpora as
manifestações literárias em que se procura mostrar o desenvolvimento de uma
ação no tempo e no espaço por meio da movimentação de personagens. Esse
conjunto é transmitido ao leitor por um narrador, que adota um determinado
ponto de vista. O ponto de vista do narrador é denominado foco narrativo e
apresenta diversas possibilidades: o narrador
pode ser um dos personagens da ação ou um observador externo. Pode
também demonstrar conhecimento total dos dados do universo narrado, incluindo
pensamentos e decisões íntimas dos personagens. Observe que o narrador não é a
pessoa física do escritor, mas sim mais um dos elementos que compõem o texto
narrativo. O tipo do narrador adotado no texto é resultado de uma opção do
artista.
O gênero narrativo abrange a epopeia e
as modalidades da chamada prosa de ficção, dentre as quais destacamos o
romance, a novela e o conto.
A epopeia
Epopeia é uma narrativa literária de
grande extensão que se caracteriza por apresentar um aspecto heroico e
grandioso, atingindo interesses sociais e nacionais. Nesse sentido, cria uma
atmosfera maravilhosa, em que se movimentam deuses e heróis, celebrizando os
dados do passado de um povo necessário à interpretação e à preservação da
memória coletiva. Há epopeias em prosa – como as canções de gesta medievais,
que falam dos cavaleiros e suas façanhas – e em versos – os chamados poemas
épicos.
A prosa de
ficção
Na origem da palavra ficção estão os
conceitos de invenção, criação, imaginação, fingimento. A ficção é, portanto, o
próprio cerne da literatura, que nada mais é do que a criação feita com
palavras. O uso consagrado desse termo, no entanto, designa normalmente a prosa
de ficção, da qual fazem parte, entre outros subgêneros o romance, a novela e o
conto.
- Romance – É a forma narrativa em que ocorre um desenvolvimento minucioso da ação e dos personagens, proporcionalmente ao leitor uma visão da totalidade do universo representado. Dessa maneira, obtém-se uma trama complexa, capaz de incorporar análises detalhadas dos elementos narrativos. Na estrutura de um romance, o acúmulo de detalhes e pormenores tem sempre a finalidade de construir um universo narrativo coerente e organizado; isso significa que não há como dispensar nenhum elemento formador do texto sob pena de destruir lhe a unidade.
- Novela – Diferencia-se do romance por apresentar um predomínio da ação sobre as análises; o que importa numa novela é o encadeamento de episódios rumo a um final, que coincide com o clímax da história. Não a análise pormenorizada do comportamento de personagens e do desenvolvimento da ação que caracteriza o romance. Lembre-se de que a palavra novela é usada no dia a dia para denominar certo tipo de programa de televisão que encadeia incontáveis capítulos diários. Também chamamos de “novelas” as situações que se prolongam por muito tempo, com muitos episódios, numa sequencia que parece interminável (a “novela” da reforma administrativa do estado, por exemplo). Nesses casos, leva-se em conta a característica básica da novela, que é o predomínio da ação sobre a análise.
- Conto – É a forma narrativa tradicionalmente mais breve, caracterizando-se pela ênfase ao essencial, o que acaba concentrando o desenvolvimento da ação e dos personagens, limitando-os no tempo e no espaço. É um verdadeiro instantâneo narrativo.
GÊNERO DRAMÁTICO
Como
indica o próprio termo dramático que provém do verbo grego drao – “fazer, agir”
-, a principal característica desse gênero é a ação, que se desenvolve diante
do espectador. Assim, o mundo representado mostra-se sem a intermediação de um
narrador ou de um sujeito lírico: personagens agem e falam na presença do próprio
publico. É importante destacar que o texto dramático só se complementa com a
atuação dos atores no espetáculo teatral – o que transforma o gênero dramático
numa manifestação complexa, que ultrapassa
o literário para incorporar aspectos técnicos da dramaturgia. Para a literatura,
o interesse centraliza-se no texto dramático, que pode ser produzido em verso
ou em prosa.
As
principais formas de manifestação dramática são:
- Tragédia – Forma dramática de origem grega, usa linguagem rebuscada e apresenta personagens de aristocracia que, vitimados pelo destino, caem em desgraça e têm sua razão de existir destruída. Procura, pelo horror e piedade que inspira provocar uma reflexão sobre o próprio sentido da existência humana. Foi retomada em vários momentos da literatura, preservando suas características essenciais
- Comédia – Também de origem grega, apresentava originariamente personagens de caráter vicioso e vulgar, que protagonizavam atitudes ridículas e risíveis. É comum na comédia a sátira de comportamentos individuais e coletivos com intuito moralizante. A comédia atual escolhe normalmente aspectos da vida cotidiana como tema, mostrando-os em momentos que, por ferirem a lógica convencional, provocam riso.
- Drama – forma surgida no século XVIII, resulta da fusão de elementos trágicos e cômicos, procurando apresentar ações heroicas e de índole elevada ao lado de atitudes risíveis. Atualmente, a palavra também designa a peça teatral que expõe tensões sociais e individuais submetidas e processos de interpretação e análise.
FONTE: Textos, leituras e escritas - Editora Scipione
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